Manoel de Oliveira - Nascido a 11 de dezembro de 1908 – Porto, Foz até ao dia 2 de abril de 2015.


Manoel de Oliveira: um papel na difusão da cultura portuguesa em França

Na capa, o Libération escreveu "Manoel de Oliveira, um século de cinema", remetendo para um dossier de quatro páginas iniciado com um artigo intitulado "Viva Oliveira!", seguido de uma biografia, uma seleção de obras e a recolha de testemunhos sobre o cineasta.

"A notícia da morte de Manoel de Oliveira, aos 106 anos (e meio!), não tem nada de surpreendente, a priori, mas este desaparecimento - mais do que qualquer outro de um imenso cineasta amado - dá vertigens porque a longevidade, a produtividade e o desconcertante vigor das últimas aparições do português centenário tinham semeado nos nossos espíritos a ideia de imortalidade", escreve o diário.

O jornal descreveu a sua filmografia e destacou "quatro filmes maiores": O Estranho Caso de Angélica (2010), Je Rentre À La Maison (Vou Para Casa) (2001), Vale Abraão (1993) e 'Non' Ou A Vã Glória De Mandar (1990).

Libération recolheu, ainda, uma série de testemunhos sobre Manoel de Oliveira (...)que apontou: "foi preciso esperar a sua celebridade mundial para que Portugal o reconhecesse como um gigante".

O diário francês também citou a atriz Catherine Deneuve - que trabalhou com Oliveira em O Convento (1995) e Um Filme Falado(2003)- a qual descreveu um realizador "muito especial, ao mesmo tempo sedutor e autoritário, e muitas vezes encantador".

O ator francês Michael Lonsdale, que entrou em O Gebo e A Sombra(2012), disse estar "muito triste", admitindo ter "sonhado trabalhar com ele durante anos" e lembrando-o como "um homem misterioso" e    "uma personagem à margem que faz o que quer".

O diário La Croix também chamou à capa "A morte de Manoel de Oliveira, um gigante do cinema", conhecido por ser "o último cineasta vivo a ter começado [a carreira] no tempo do cinema mudo".

"A obra de Manoel de Oliveira teve um papel na difusão da cultura portuguesa em França, ainda que o tenham culpado de ocupar demasiado espaço e de eclipsar outros cineastas lusitanos", escreveu o jornal que relembrou que foi em França que o cineasta "encontrou os meios financeiros para as suas ambições junto de Paulo Branco, produtor de origem portuguesa".

Le Figaro descreveu "um pioneiro da sétima arte portuguesa, que foi durante muito tempo um artesão solitário, produtor, argumentista, realizador e editor dos seus filmes", relembrando que Manoel de Oliveira "atraiu para a sua câmara [os atores] Mastroianni, Deneuve, Piccoli".

"As estrelas gostavam de entrar nos seus feitiços divertidos. Ele não parava de filmar, como que para recuperar o tempo perdido, aproveitando a sua imensa cultura de grande europeu com uma frescura de imaginação sempre nova. É assim que é preciso vê-lo partir, deixando na sua esteira um Portugal cintilante e verde", concluiu o diário.

Na quinta-feira, o vespertino Le Monde já destacava Manoel de Oliveira, "o decano dos cineastas em atividade" e "um homem excecional cuja vitalidade parecia afastar a Morte".

Cahiers du Cinéma prepara número especial sobre Oliveira para Maio

A revista francesa Cahiers du Cinéma está actualmente a preparar uma homenagem a Manoel de Oliveira para sair na edição de 9 de Maio, disse à Lusa o chefe de redação da revista Stéphane Delorme.

"Estamos a preparar a nossa homenagem a Manoel de Oliveira. Vamos publicar provavelmente uma entrevista inédita com ele, vamos escrever sobre a sua obra e dedicar-lhe 25 a 30 páginas no próximo número. É importante para nós", afirmou Stéphane Delorme, precisando que a edição de maio vai coincidir com o Festival de Cannes.

In O Público.


Manoel de Oliveira: Uma história do cinema Português em:

https://comunicamos.files.wordpress.com/2008/03/manoeldeoliveira_cinema-portugues_joaosimao.pdf

Homenagem ao cineasta na Biblioteca Almeida Garrett em:

https://youtu.be/PzaheDVKoD8?t=105

                                   

Comentários:

Professor Alberto Plácido:
"O Cineasta injustamente acusado de realizar filmes só para pessoas que os conseguiam compreender. ..Na realidade, tratava-se de um estigma, que mais não era do que um modo de o marginalizar."